quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Das pequenas GRANDES coisas (ou "sua folga particular")


Tenho me dedicado à leitura de um livro o qual não consigo terminar de ler. No começo, achei que era por falta de tempo, depois passei a achar que era desleixo, até que percebi que ando retardando o fim dessa leitura porque ela me faz feliz.

Quantas vezes retardamos o fim de alguma coisa porque ela nos faz feliz?

Gosto de comer devagar (embora não consiga) para degustar o sabor daquele alimento por mais tempo, gosto de ouvir a mesma música no “repeat”, incontáveis vezes, gosto de pegar o caminho mais longo para dirigir mais, para ver mais paisagens, para ver mais pessoas. Gosto de assistir ao mesmo filme quantas vezes for possível. Gosto de rir das mesmas piadas, gosto que elas demorem a se renovar. Gosto de ver constantemente os mesmos amigos, gosto do fato de nunca mudarem.

Estranho como a gente almeja grandes coisas, sonha com riqueza e sucesso estrondoso, e consegue se sentir feliz com tantas pequenas coisas. Estranho? Espera... Acho que não. Na verdade, não é estranho. É pura lógica: grandes coisas são a junção de várias pequenas coisas unidas para formar aquelas grandes coisas. É isso mesmo? É sim! É exatamente isso. Tudo o que é grandioso, luxuoso, glamouroso é formado por partes de simplicidade.

Então isso explica o fato de eu ter assistido a episódios de FRIENDS nas horas que antecederam minha prova da Ordem, bem como explica toda a calma com a qual eu fui lá, enfrentar a tão temida avaliação. Eu estava feliz! A felicidade causada por pequenas coisas.

Desde então, FRIENDS passou a ser o meu calmante, um dos estimuladores oficiais de serotonina no meu cérebro quando o dia está pesado, quando as coisas parecem querer me atropelar, quando a vida está corrida demais e é preciso pegar um jato supersônico para acompanhar seu ritmo. [Trecho explicativo: Você não sabe o que é serotonina? Aqui vai uma breve explicação: a Serotonina é um neurotransmissor que está relacionado aos transtornos do humor. Ou seja, se você está feliz, agradeça ao seu querido cérebro por manter os níveis de serotonina estáveis.] Explicação dada, vamos prosseguir...

Então você retarda o fim daquela coisa boa que você faz. Você faz isso para aproveitar mais. De repente, faz sentido você parar e avaliar se você está sendo generoso consigo mesmo. Mas como assim? Não acredito que você não entendeu. Certo, eu explico. O quanto de atenção você dá a si mesmo? Não! Eu não estou dizendo que você precisa ser narcisista. Estou dizendo, simplesmente, que você precisa se dedicar a você, seja de que forma for. Parar um pouco no tempo para se atirar em si mesmo. Enxergar as coisas que você tem, as pessoas que você tem por perto para, de uma forma muito mais inteligente, saber somar as pequenas coisas a fim de construir algo muito maior.

Há alguns anos, ainda na escola, minha professora me convenceu a mudar o título de uma redação que seria “parar para não parar”, sob o argumento de que a sonoridade do título não ajudava o texto, cujo conteúdo era sobre greve.

Pois bem, anos depois, trago aquele título na forma de sua concepção e desafio você, que está lendo este texto, a parar. Pare um pouco! Pare para se ver e não ficar estagnado em determinado ponto da sua vida. Respire, aproveite mais alguma coisa. Retarde o fim daquilo que lhe faz feliz. Feito isso, sugado até o sumo de suas mais puras felicidades, prossiga. Você verá que chegará muito mais longe do que imaginava... Antes disso, você precisa mergulhar no seu universo mais particular.

Agora, com licença... vou prosseguir na minha leitura...


[Para assistir: "Ferris Bueller's Day off" (Curtindo a vida adoidado), um clássico da Sessão da Tarde. / Para ouvir: "O Vento" (Los Hermanos)]

2 comentários:

  1. Engraçado como seus textos vem com temas chaves em momentos propícios. Além de encantar, tem a graça de fazer refletir a respeito e mais motiva à colocar em prática. Muito bom! Parabéns e obrigada.
    beijo!

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  2. É incrível como você consegue ser espetacular a cada texto. Digo isso com a mais pura siceridade. Seus textos alimentam minha alma com pequenas reflexões, que valem muito! E como valem! Não tenho mais o que dizer, só que A-M-O ler o que você escreve...Sou sua FÃ! E é só! =D Bjooo Rayane Mendonça

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