terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Eu vejo o mesmo que você?

Idiossincrasia é uma coisa que me fascina. [Dicionário para você, querido leitor, que não sabe o que essa palavra significa: é, basicamente, a sua "maneira pessoal de ver o mundo"].

Então, idiossincrasia faz você ser como você é, eu ser como sou, e nossas personalidades se entenderem ou não.

Eu, particularmente, adoro meu jeito de ver o mundo, ainda que às vezes eu ache que só eu vejo o mundo da minha forma. Crazy, crazy, crazy, diriam os especialistas? Não, creio eu!

Não há como negar o prazer que sentimos quando vivemos um estouro de idiossincrasia: é sua ideia encaixar com a ideia de outras pessoas, quando suas piadas se transformam em parte da família de piadas internas que vinculam você aos seus amigos. É você ter características que seu amigos criticam, que seus amigos admiram, características que definem você. Suas idiossincracias formam o RG da sua personalidade.

Quem pode garantir que o mundo que você vê não é o mundo como deve ser visto? E quem pode garantir o inverso?

Então, toda idiossincrasia é correta? Talvez. Posso desenhar meu mundo para você e você pode desenhar seu mundo para mim. Podemos mudar de visão, podemos aperfeiçoar nossas visões, e sairemos, cada um, com um novo mundo habitando em nossas cabeças. Diferentes mundos. Cada cabeça uma sentença, cada cabeça um mundo.

Só eu gosto de comer camarão com pão? Só eu gosto de preparar um sanduíche com pão de hot dog e doritos? Apenas isso: pão e doritos. Será que sou a única pessoa em todo o mundo que come isso? Se sim, ou se não, eu não sei. Só sei que o meu mundo gastronômico fica mais feliz quando preparo essas maravilhas culinárias.

Só eu dou gargalhadas todas as vezes em que assisto aos mesmos episódios de FRIENDS ou Modern Family? Só eu na minha faixa etária considera "Os Goonies" um dos melhores filmes feitos EVER?

Adoro barulho de chuva, cheiro de chuva, clima de chuva. Acho o pôr-do-sol mais bonito do que o amanhecer. Adoro chocolate quente no calor e acho o máximo sorvete em dias frios.

Sou fascinada por New York e sei que se eu for para lá um dia, morarei lá para sempre.

Adoro MPB, POP, Rock, Rock Internacional e chego até a adorar um certo Heavy Metal. Sou louca por seriados e filmes. E ai de quem mexer com meus amigos. Sou advogada, mas poderia ser jornalista, roteirista, diretora de cinema, ganhadora do Oscar, vencedora invicta do Emmy Awards e, quem sabe, ginasta olímpica campeã mundial.

Não suporto pessoas que agem com grosseria, não suporto pessoas que têm a estúpida ideia de que são melhores do que os outros seres humanos.

Adoro coca-cola, principalmente em dias de intenso calor. Adoro tecnologia e já não imagino mais o mundo hoje como ele era quando eu era criança (faz pouco tempo, eu juro!). Sinto saudade de quando era criança, dos brinquedos da minha geração.

Não gosto dos filmes do Woody Allen, mesmo que o mundo do cinema o considere um gênio. Quer dizer, gostei de "Match Point", apenas! Fico encantada com uma bela escrita e me dói profundamente assassinatos à língua portuguesa cometidos por quem teve educação suficiente para não confundir "mas" com "mais".

Eu choro assistindo "Extreme Makeover: Reconstrução Total" e fico com fome quando vejo "Top Chef". Já li uma quantidade enorme de livros e sou meio egoísta, não gosto de indicá-los, para não ter que emprestá-los e para que aquela visão de mundo que eu tive ao lê-los continue sendo só minha. Adoraria terminar de ler "Marley & Eu", mas ter assistido ao filme me deixou triste para continuar a leitura.

Tudo isso (e muito mais, obviamente!) faz parte da imensa galáxia de idiossincrasias que me definem. Vivemos todos num loop incrível de influência de diversos agentes e sentimos o que sentimos, pensamos o que pensamos, fazemos o que fazemos porque tudo, no fim, está conectado. Não viaja, leitor! Não estou falando em poderes do universo, e afins. Essa conexão que falo é a sua. Do seu temperamento com a forma como você leva sua vida.

É... idiossincrasia é uma palavra bacana, não é mesmo?! Dá até para ser nome de banda de Rock (se é que já não tem alguma batizada dessa forma).

Enquanto você pensa nas suas idiossincrasias, vou aqui viver as minhas, ver o mundo como vejo.

Quem sabe não estou vendo o mesmo que você?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O amor que você não quer mais (Ou o amor que você não pode perder)


Quando você se apaixona, tudo parece diferente e você deseja que aquelas mudanças sejam para sempre. De repente, tudo que era estranho começa a parecer familiar.

Você passa a saber do que o outro gosta, você sabe o que o outro quer. Passa a conhecer as manias, a conhecer os segredos, os medos e os desejos.

Você lembra, como se fosse hoje, o dia em que seu mundo virou de ponta-cabeça. Lembra o dia em que os sentimentos fizeram sentido e se tornaram amor. É, você lembra das viagens e dos filmes assistidos juntos. Lembra das brigas cinematográficas, lembra das pequenas brigas. Lembra o quanto cada um teve que ceder para que o amor não morresse nos primeiros capítulos. Inevitavelmente lembra das músicas que tocaram em momentos especiais e da agonia que a saudade causava quando passavam mais do que um dia sem se ver. O cheiro é inconfundível e você lembra da primeira vez em que perdeu a consciência por causa dele.

Mas o que você faz quando esse amor deixa de ser tão bonito e passa a não mais lhe cair bem? Quando essas lembranças já não são tão iguais?

O que fazer quando o amor deixa de ser o que lhe faz feliz para ser o causador da sua dor? Você ama ao mesmo tempo em que não quer amar, porque esse amor machuca.

E você tenta se explicar, tenta se entender e acreditar que amor não muda. Mas e se ele mudou? Se o amor da sua vida, de repente, deixou de ser? O que você faz?

Não fomos feitos para saber o que fazer quando o amor acaba, muito menos para saber o que fazer quando ele ainda existe, mas já não é feliz. E muitas vezes não sabemos distinguir e confundimos o amor que mudou com o fim do amor.

O amor não se alimenta sozinho, não sobrevive sem alguém que o controle. É verdade, o amor precisa de alguém que o domine, que o direcione, senão ele volta a ser paixão desenfreada ou volta a ser nada. Paixão é o primeiro passo para o amor, e ela não precisa ser devastadora. Nem precisa ser o primeiro sentimento. Mas só ama quem se apaixonou. E há diferença? Claro que há. Quando você se apaixona, você fica fora do chão. Meio dormente. E quando a paixão se torna amor, você volta a pisar no chão e a querer um futuro com o outro, a querer mais do que sonhos.

Certo. Então o que você faz quando se apaixona, quando ama e já não quer mais amar? Como lidar com o amor que existe em você, mas que você não quer mais? E como saber que não quer mais?

Você simplesmente já não sente mais o outro na sua pele. Já não desenha um futuro com ele. Você quer flutuar de novo. Então percebe que o amor que mora em você já não é suficiente. E você simplesmente não sabe o que fazer. A única coisa que sabe é que já não quer mais senti-lo.

E como não sentir?

Você acha que alguém tem a resposta para isso? Não. Nenhum ser humano a tem! Para o amor não há respostas. Não há receitas. Não há mapas.

Talvez, se você perceber que já não quer o amor que lhe preenche, seja mais inteligente conservá-lo e alimentá-lo de forma que o faça ser bonito de novo. Afinal de contas, ninguém ama por acaso. Se virou amor é porque você encontrou o seu outro "eu" em outra pessoa. E perder isso talvez signifique perder-se para sempre...

Só quem ama sabe o quanto é difícil encontrar o amor de novo... principalmente quando você o exterminou de você!

Amor é quando você aceita que não há mais fantasias e que a realidade é mais difícil do que sonhava, mas é melhor... porque realidade você pode tocar.