quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Músicas em Série (Parte 2)


Depois de vários posts, volto ao tema que antes dominava este blog: SERIADOS. Mais precisamente, trilha sonora de seriado. Hoje, trago a trilha magnífica de Skins, mas não sem antes falar um pouco sobre a própria série.

Skins - ou Juventude à flor da pele, como é chamada aqui no Brasil - é uma respeitada e aclamada série inglesa que retrata a vida de um grupo de adolescentes que costuma viver em conflito com os limites que, naturalmente, são impostos antes de alcançarem a fase adulta. Mas se Skins é tão aclamada, por qual motivo as pessoas que conheço não conhecem Skins?

Inicialmente, não passa na tv aberta, o que já dificulta um pouco o acesso a ela. É transmitida, simultaneamente, pelo HBO plus e pelo VH1, canais excelentes, mas não os mais populares.

O que chama a atenção em SKINS? A série, apesar de ser aberta a polêmicas é, na verdade, um retrato cru de uma realidade que a tv não costuma abordar. Estamos todos muito acostumados a nos familiarizar com as histórias de adolescentes americanos, ricos, populares, nerds, líderes de torcida, jogadores de futebol. Skins prova que os ingleses também sabem fazer sucesso. Esses adolescentes não são exemplos de boa conduta, mas são personagens extremamente profundos. A série acaba se tornando tão interessante para os adultos quanto para os próprios adolescentes, dada a qualidade técnica e complexidade dos personagens.

Skins já teve 4 temporadas, o que equivale a duas gerações. Seus criadores tiveram a brilhante ideia de renovar o elenco a cada dois anos. Ou seja, cada geração de elenco dura apenas duas temporadas, tempo suficiente para conhecê-los e acompanhar seu crescimento na série. Os atores são, obrigatoriamente adolescentes. Não são como os jovens de séries americanas que já se aproximam dos 30 anos (vide "Barrados no Baile").

Cada episódio é focado em um dos personagens, recebendo, por isso, seu respectivo nome como título. Ocorre, também, de haver um episódio por temporada dedicado a todos eles.

A cada episódio, é possível mergulhar no universo particular do personagem que o intitula e, assim, descobrimos que muito embora reprovemos a maioria de suas atitudes (senão todas), temos que aceitar que ele age daquela forma por algum motivo. Os diálogos são inteligentes e verossímeis. Condizem, perfeitamente, com a realidade de cada personagem. Em nenhum momento você verá esses adolescentes dialogando como se fossem mais velhos (como acontecia em todos os episódios de Dawson's Creek) ou como se fossem estúpidos. Muito pelo contrário. São adolescentes, falando como adolescentes inteligentes que sofrem, tomam decisões erradas, deturpam seus próprios princípios e se divertem.

Tem muito palavrão, sexo, drogas, traição e afins? Tem. Mas Skins nunca procurou ser uma série destinada a passar uma mensagem moral para os telespectadores. É puro entretenimento muito bem produzido e dirigido, aproveitando-se do fato de que o conservadorismo europeu não é tão violento quanto o americano. Mas isso não impede que quem a assista possa tirar alguma lição do que ali é retratado, afinal, da arte se absorve tudo. Uma coisa não se pode negar, Skins tem uma linguagem nunca antes vista, uma forma de contar a história só dela, comprometendo-se, apenas, com o desenrolar da individualidade de cada personagem e em como isso reflete no todo.

A fotografia da série é absolutamente IMPECÁVEL, bem como sua trilha sonora, que deu origem a este post. A trilha é PERFEITA, IRRETOCÁVEL! Vale a pena conferir algumas das várias músicas da primorosa seleção (que passeia por John Lennon, Lady Gaga, Michael Jackson, Snoop Dogg, Bon Jovi, Chemical Brothers, Aerosmith, entre outros) das - até agora - quatro temporadas:

Chemical Brothers – Star Guitar, Susanna and the Magical Orchestra – Believer (também presente em Grey's Anatomy), Gloria Jones – Tainted Love, John Lennon – Instant Karma, Liars – Mr You’re On Fire Mr, Little Richard – Lucille, You Love Her Coz She Is Dead – Superheroes, Portishead – Machine Gun, Joy Division – She’s Lost Control, Snoop Dogg – Drop It Like Its Hot, Lady GaGa – Beautiful, Dirty, Rich, Lady Gaga – Brown Eyes, Glasvegas – It’s My Own Heart That Makes Me Cry, Dinosaur Jr - Said The People, The Clash – Police and Thieves, Michael Jackson - Man in the Mirror, Christina Aguilera - Save Me From Myself, White Stripes – Seven Nation Army, Aerosmith – I Don’t Want To Miss A Thing e Skins cast (original do Cat Stevens) – Wild World.

Você não precisa assistir se não quiser. Mas, com certeza, deveria ouvir!

Nesta série (que recomendo muito) tudo está à flor da pele. Inclusive o sucesso...

[Para assistir: Skins (óbvio!) / Para ouvir: Trilha sonora de Skins (mais óbvio ainda!)]

domingo, 22 de agosto de 2010

I'll Be There for You. Ou, a matemática do seu "EU"...


Sua imagem não se resume ao reflexo no seu espelho. Isso é fato. Sua imagem se estende até onde terminam seus amigos. Não entendeu? Vamos nessa entender, então!

Desde sua tenra idade, você convive com pessoas de diversas personalidades e, todas elas, de alguma forma, somaram à formação do seu caráter. Ou seja, desde os primórdios da sua vida social, você está ligado(a) a pessoas que acabaram por definir o que você é hoje. Essas pessoas são, exatamente, os seus amigos. Tanto aqueles que além de amigos, são família, quanto aqueles que de tão amigos, agora fazem parte dela.

É nos seus amigos que você encontra todas as características que você se identifica, bem como características que você abomina. É na convivência com eles que você aprende a distinguir o que você quer para si e o que não quer. É nessa convivência que você aprende a fazer sentido na vida, para si e para os outros.

Com seus amigos você aprendeu a aperfeiçoar o que você aprendeu em casa, com sua educação familiar. Com seus amigos você aprendeu a correr mais rápido, a subir em árvores sem se machucar (ou a se machucar sem gravidade), a desvirtuar valores em jogos como Banco Imobiliário e Imagem e Ação, a mergulhar na piscina diferente do que seus pais ensinaram: de olhos abertos. Aprendeu a andar de bicicleta com perigo. Com seus amigos você aprendeu que o primeiro amor podia não ser o único e que você podia chorar horas em suas companhias por isso. Aprendeu que seus brinquedos não eram só seus, eram deles também. Aprendeu que em alguma briga vocês podiam jurar inimizade eterna, até virarem amigos para sempre de novo. Com seus amigos você aprendeu que apelidos nem sempre são legais, mas que algumas vezes significam uma ligação única entre vocês. Com seus amigos você aprendeu que trabalho em grupo, na escola ou faculdade, nem sempre significa que todo mundo faz alguma coisa. Com seus amigos você apendeu que conta telefônica pode ser cara, que internet dá muito sono e que cartas e bilhetes trazem uma gostosa nostalgia que não tem preço. Com seus amigos você aprendeu que fotos têm força para levar você de volta ao passado. Aprendeu a comprar as brigas deles. Aprendeu que festas deveriam durar mais tempo. Aprendeu a cantar junto e bem alto, a gritar suas emoções. Aprendeu os significados de segredo, confissão e confiança. Aprendeu a não ser egoísta e a cuidar. Aprendeu a ler pensamentos e a reconhecer olhares. Aprendeu cumplicidade e aprendeu respeito. Aprendeu que praia não deveria ter hora para acabar. Aprendeu que bronca você não leva só em casa. Com seus amigos você aprendeu a sonhar. Com seus amigos você aprendeu a errar, a acertar, a perdoar e a se desculpar. Com seus amigos você aprendeu a ter defeitos, a conviver com os seus, a aceitar os deles. Aprendeu que o tempo é relativo, assim como a distância. Com seus amigos, você aperfeiçoou paciência, tolerância e fé. Com seus amigos, com todos eles, você se aperfeiçoou.

Com seus amigos, enfim, além de tudo isso, você aprendeu a ser você.

Com meus amigos... eu aprendi o mundo! E assim, vou aprendendo a vida...

[Para assistir: FRIENDS]

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A bondade é um bumerangue?


Eu conheço boas pessoas. Você também conhece, caro leitor?

Não. Eu não estou falando daquela pessoa "legal" que cumprimenta você com educação. Nem daquela pessoa "bacana" que sorri sempre que vê você. Falo de bondade, e BONDADE vai muito além desses gestos comuns que podem surgir de qualquer um.

Falo de pessoas cuja existência faz diferença na vida de outrem. A verdadeira diferença. Pessoas que fazem o bem, e que de maneira muito natural, dedicam parte de si para somar a boas causas, para somar à construção de boas ações que, muitas vezes, são capazes de mudar a vida de quem recebe esse bem.

São pessoas que, de tão especiais, mais parecem um presente que a gente sempre se pergunta de onde veio.

Pois é, eu conheço pessoas assim. Pessoas que vejo dedicar aos outros uma pureza de espírito tão magnífica que se torna fácil achar que a humanidade tem jeito.

E para ser uma pessoa boa, desse tipo que falo, não precisa de muito esforço, até porque, é natural. Não falo de pessoas que buscam a canonização, de tão santas que parecem ser. Pelo contrário. São pessoas cheias de defeitos e todos muito explícitos. É isso mesmo. São pessoas de verdade!

E de onde veio a ideia de escrever esse post? De onde veio esse assunto? Veio de um momento de lucidez em que percebi que muito além das pessoas mais próximas a mim, eu conheço outras pessoas que, muito embora eu não saiba muita coisa sobre suas vidas, são pessoas que, de fato, merecem admiração e respeito, por mostrarem em atitudes simples o quanto é fácil ser do bem. Como é fácil sonhar o sonho do outro e lutar junto para realizar. Como é fácil torcer pelo outro e admirar o que é bem feito. Como é fácil se sentir feliz pela felicidade alheia e saber respeitar o espaço de cada um, o limite que cada ser humano tem.

Não preciso citar os nomes dessas boas pessoas aqui (muito menos contabilizar quantas vezes eu escrevi "pessoa" neste post). Essas boas pessoas se conhecem o suficente para saber que esse texto é sobre elas.

E diante de tudo o que eu já disse acima, lembro da premissa do livro "O Segredo", que defende a ideia de que tudo aquilo que você dá ao universo, volta para você. Pois bem. Bondade não é fazer o bem esperando que o bem volte e lhe presenteie com uma recompensa à altura. Bondade é dedicar o que você tem de melhor com liberdade. O simples fato de fazer o bem é a própria recompensa.

Então, no fim das contas, sabemos que o conceito de pessoa boa que tínhamos quando crianças não é tão perfeito. Pessoas boas erram e têm defeitos. Pessoas boas nem sempre se acham boas. Mas, definitivamente, as boas pessoas sabem que a bondade encerra-se em si mesma.

E se você, caro leitor, ao praticar qualquer ato de bondade, espera "troco", recompensa, agradecimento... sinto lhe informar, mas você não é uma boa pessoa. No máximo, você é um bom comerciante!

"Não é preciso que a bondade se mostre; mas sim é preciso que se deixe ver." (Platão)

[Para assistir: "Pay it Forward" (A Corrente do Bem)]