segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Deixa eu brincar de ser feliz...

Recife, 15 de outubro de 2010. Eu sabia que seria um show especial. Viajei com meus amigos para ver Los Hermanos juntos novamente, num show que tinha tudo para ser histórico. E foi!

Horas antes de começar, uma fila quilométrica já se formava em frente à entrada. E ninguém reclamava. Assim que pisamos na entrada sentimos em nossos pés a vibração da primeira música, e essa vibração correu o corpo todo até chegar aos nossos ouvidos. Era oficial: estava começando a noite que tanto esperamos. O coro de fãs entoava cada letra, cada nota da canção. O Centro de Convenções do Recife estava lotado. Era difícil enxergar o palco, mas isso não fez a menor diferença. Show de Los Hermanos é Show de Los Hermanos. Você sente as músicas na pele, não importa a quantos metros do palco você esteja. Depois de tanto tempo sem vê-los juntos, cada pedaço de palco já era válido. Nem os problemas técnicos de som abalaram a grandiosidade daquela noite. Quando o som da banda ficava baixo, as vozes do público (onde eu nos incluo) permanecia alta, cantando fervorosamente as músicas e o instrumental de Los Hermanos.

Desde os anos 80, nenhuma outra banda nacional foi capaz de criar tamanha idolatria, tamanha fidelidade num show. Os metais sempre acompanhados das vozes, dos gritos... show de Los Hermanos é mesmo único! Foi incrível rever como o público de Los Hermanos é diferenciado. Ninguém briga. Ninguém vai ao show por outros interesses. Todos vão para ficar à mercê da hipnose causada pelo quarteto e sua fiel banda de apoio. É isso! Em show de Los Hermanos o público fica hipnotizado, cantando o amor, cantando a desilusão, cantando a vida.

Pois é, cantando seus últimos romances, deixando seus verões para mais tarde, gritando suas condições para amar, assumindo o lado sentimental, imaginando suas conversas de botas batidas, acreditando que a estrada vai mesmo além do que se vê... as pessoas ali presentes estavam entregues à mais absoluta emoção, esquecendo o mundo que rodeava aquele lugar, esquecendo tudo que não se encaixasse naquelas canções.

É... foi um show lindo! E eu estava lá. Eu e meus amigos. Vivendo todas essas linhas acima e sabendo que aquela não era uma noite comum. Estávamos presentes no histórico show em que Los Hermanos provaram (mais uma vez) que não há uma outra banda que consiga decifrar tão perfeitamente o nosso avesso.

E eu não quero saber se eles vão parar de vez depois dessa turnê. Se todo carnaval tem seu fim, eu não sei. Mas sei que o vento vai dizer lento o que virá... e assim eu quero Bis de Los Hermanos, num loop infinito.

“Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz...”


[Para assistir: Todo e qualquer vídeo de qualquer show de Los Hermanos (Para que você possa entender o que falei). / Para ouvir: Toda a discografia de Los Hermanos no volume máximo.]

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Machinehead - A cabeça é uma máquina do tempo...

Tenho memória olfativa. E quem não tem? Ontem, eu me peguei lembrando da minha antiga escola, a primeira, onde eu estudei do maternal à 8ª série (como chamava antigamente), e tal lembrança foi provocada pelo cheiro. Cheiro de material escolar. Cheiro que me remeteu às memórias dos corredores daquela escola, daquelas salas de aula, daquele antigo prédio... De repente (nem tão de repente assim) eu percebi como o tempo passa rápido e como é interessante viajar um pouco ao passado e lembrar a imensa quantidade de coisas que já vivemos.

E nessa viagem, constato que aquela escola formou meu caráter. Não por ser uma escola religiosa, mas porque eu tive a sorte de conviver com as pessoas certas. Muitas dessas pessoas eu não vejo há anos, muitas eu sequer sei como estão hoje (torço para que estejam bem!), mas eu não as esqueço. Em compensação, algumas dessas amizades eu ainda mantenho, e acho isso incrível, porque vejo pessoas se lamentando por não conseguirem manter amizades por toda a vida. Não é o meu caso. Pelas escolas que passei e pela Universidade, consegui somar muito mais do que conhecimento, somei grandes pessoas que levo pela vida sem largar. As maiores e melhores amizades.

E da lembrança da primeira escola, veio a da segunda e, consequentemente, a reflexão do que esses períodos fizeram por mim. Eu que quis por tanto tempo ser jornalista, mudei a opção de carreira para fazer Direito. Tornei-me advogada, mas sempre com o pé (e principalmente as mãos) nesse mundo das letras não-jurídicas. A cabeça... essa sempre se dividiu entre os dois mundos. E isso me levou a ser oradora da turma na colação de grau, pela necessidade de expressar em palavras o que aquele momento significava. Muito mais do que encerrando uma etapa da minha vida, muito mais do que entrando efetivamente no mundo jurídico, eu estava materializando os sonhos que eu tive nos corredores daquela escola, daquele prédio antigo, naquela cantina que vendia refrigerante Taí e Fanta Uva (esta ainda como novidade): estava crescendo!

Eu não teria sido a aluna que fui não fosse o que aprendi naquela primeira escola. A segunda escola não teria sido a experiência maravilhosa que foi. A Universidade, essa sim foi a consequência daquelas linhas que eu havia escrito e que continuo escrevendo.

Olfato... como é danado este sentido! Tão danado quanto a audição que me provoca de igual maneira. Quando ouço “O Vento” de Los Hermanos, por exemplo, lembro IMEDIATAMENTE do meu último ano na Universidade, pois eu ouvia demais essa música nos quilômetros que me levavam à aula. E tais lembranças vêm sempre com um leve sorriso no rosto e um pedido silencioso de nunca esquecê-las.

Há alguns posts atrás eu falei sobre o Direito ter me escolhido, e não o contrário. E volto a acreditar que tenho razão. Porque, minha paixão pelas letras é tão imensa que só o destino mesmo para não me permitir marcar a opção jornalismo quando prestei vestibular. De lá para cá, tenho sido escritora, de incontáveis textos e coisas, de ilimitadas ideias, de incansáveis sonhos.

Acima de tudo sou, sem dúvida, a soma das minhas escolas, de suas paredes, dos cheiros, de suas pessoas, onde aprendi a sempre querer ser melhor. Com essas lembranças aprendi a ser saudade...

Profissional da área jurídica, do entretenimento, enfim, sou escritora, sou domadora das letras que me pertencem. Sou ilustradora gramatical das minhas ideias. Sou a versão mais velha daquela menina que sonhava em ser a maior jornalista do país, a maior jurista dos tribunais.

Mas ainda não sou tudo o que pretendo e posso ser. E por isso, lanço-me diariamente o desafio que aprendi desde pequena, que aprendi com meus sonhos e com o meu crescer: Desafio-me a ser mais... SEMPRE!

E de lembranças somos feitos. Fotográficas, auditivas, olfativas... E assim vamos criando novas lembranças, para que o futuro possa ter o prazer de ser nostálgico, de ser muito mais do que nosso sonho de criança... de ser a materialização incontestável das nossas conquistas.

É... o tempo realmente passa rápido. Bobagem! Eu corro ao lado dele... e o coloco em minhas mãos!


[Para assistir: The Goonies (Os Goonies), porque é o melhor filme para relembrar a infância. / Para ouvir: Tempo Perdido (Legião Urbana), porque eu gosto!]