terça-feira, 5 de outubro de 2010

Machinehead - A cabeça é uma máquina do tempo...

Tenho memória olfativa. E quem não tem? Ontem, eu me peguei lembrando da minha antiga escola, a primeira, onde eu estudei do maternal à 8ª série (como chamava antigamente), e tal lembrança foi provocada pelo cheiro. Cheiro de material escolar. Cheiro que me remeteu às memórias dos corredores daquela escola, daquelas salas de aula, daquele antigo prédio... De repente (nem tão de repente assim) eu percebi como o tempo passa rápido e como é interessante viajar um pouco ao passado e lembrar a imensa quantidade de coisas que já vivemos.

E nessa viagem, constato que aquela escola formou meu caráter. Não por ser uma escola religiosa, mas porque eu tive a sorte de conviver com as pessoas certas. Muitas dessas pessoas eu não vejo há anos, muitas eu sequer sei como estão hoje (torço para que estejam bem!), mas eu não as esqueço. Em compensação, algumas dessas amizades eu ainda mantenho, e acho isso incrível, porque vejo pessoas se lamentando por não conseguirem manter amizades por toda a vida. Não é o meu caso. Pelas escolas que passei e pela Universidade, consegui somar muito mais do que conhecimento, somei grandes pessoas que levo pela vida sem largar. As maiores e melhores amizades.

E da lembrança da primeira escola, veio a da segunda e, consequentemente, a reflexão do que esses períodos fizeram por mim. Eu que quis por tanto tempo ser jornalista, mudei a opção de carreira para fazer Direito. Tornei-me advogada, mas sempre com o pé (e principalmente as mãos) nesse mundo das letras não-jurídicas. A cabeça... essa sempre se dividiu entre os dois mundos. E isso me levou a ser oradora da turma na colação de grau, pela necessidade de expressar em palavras o que aquele momento significava. Muito mais do que encerrando uma etapa da minha vida, muito mais do que entrando efetivamente no mundo jurídico, eu estava materializando os sonhos que eu tive nos corredores daquela escola, daquele prédio antigo, naquela cantina que vendia refrigerante Taí e Fanta Uva (esta ainda como novidade): estava crescendo!

Eu não teria sido a aluna que fui não fosse o que aprendi naquela primeira escola. A segunda escola não teria sido a experiência maravilhosa que foi. A Universidade, essa sim foi a consequência daquelas linhas que eu havia escrito e que continuo escrevendo.

Olfato... como é danado este sentido! Tão danado quanto a audição que me provoca de igual maneira. Quando ouço “O Vento” de Los Hermanos, por exemplo, lembro IMEDIATAMENTE do meu último ano na Universidade, pois eu ouvia demais essa música nos quilômetros que me levavam à aula. E tais lembranças vêm sempre com um leve sorriso no rosto e um pedido silencioso de nunca esquecê-las.

Há alguns posts atrás eu falei sobre o Direito ter me escolhido, e não o contrário. E volto a acreditar que tenho razão. Porque, minha paixão pelas letras é tão imensa que só o destino mesmo para não me permitir marcar a opção jornalismo quando prestei vestibular. De lá para cá, tenho sido escritora, de incontáveis textos e coisas, de ilimitadas ideias, de incansáveis sonhos.

Acima de tudo sou, sem dúvida, a soma das minhas escolas, de suas paredes, dos cheiros, de suas pessoas, onde aprendi a sempre querer ser melhor. Com essas lembranças aprendi a ser saudade...

Profissional da área jurídica, do entretenimento, enfim, sou escritora, sou domadora das letras que me pertencem. Sou ilustradora gramatical das minhas ideias. Sou a versão mais velha daquela menina que sonhava em ser a maior jornalista do país, a maior jurista dos tribunais.

Mas ainda não sou tudo o que pretendo e posso ser. E por isso, lanço-me diariamente o desafio que aprendi desde pequena, que aprendi com meus sonhos e com o meu crescer: Desafio-me a ser mais... SEMPRE!

E de lembranças somos feitos. Fotográficas, auditivas, olfativas... E assim vamos criando novas lembranças, para que o futuro possa ter o prazer de ser nostálgico, de ser muito mais do que nosso sonho de criança... de ser a materialização incontestável das nossas conquistas.

É... o tempo realmente passa rápido. Bobagem! Eu corro ao lado dele... e o coloco em minhas mãos!


[Para assistir: The Goonies (Os Goonies), porque é o melhor filme para relembrar a infância. / Para ouvir: Tempo Perdido (Legião Urbana), porque eu gosto!]

5 comentários:

  1. "Tenho memória olfativa. E quem não tem?" É pra responder mesmo? kkkkkkkkkk Brinquei! Rsss

    Tbm estudei em escola religiosa, e isso não fez de mim uma Freira e muito menos Santa, mas ajudou muito no meu desenvolvimento pessoal! =D

    Com relação aos coleguinhas da escola se tornarem amigos para toda a vida.. eu super acredito, porém não tenho nenhum amigo da época da escola, pois fui uma criança complicada (anti-social) e adolescente MUITO TÍMIDA, mas tenho contato com alguns deles! E da universidade, um dia te falo se ficou algum, mas espero q fique! hehehe

    Eu mega amo seus textos pq me identifico com todos... e por conta disso eu te deixo uma MEGA DICA.. faça jornalismo, mesmo que não vá exercer a profissão, mas faça por realização pessoal e p/ realização dos seus leitores tbm! ;-)

    Ah, odiava Fanta Uva! rsss

    Parabéns! Beijão

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  2. Eita Carla, estou uma farrapona, mas é por um bom motivo! rsrsrs
    Estou lendo seus textos que eu não havia lido e você sempre consegue tocar de alguma forma semelhante(no passado principalmente)!
    Lembro sim do cheiro do lápis de cor(eu adoraaava, não sei pq!)...era tão bom! Do ensino médio sinto falta dos meus amigos, esses foram docemente verdadeiros, aqueles difíceis de se encontrar, a maior saudade é de vê-los todos os dias...nós cresciamos juntos(como ser humano, sabe?) todos os dias. E me bateu uma vontade gigante de juntar todo mundo aqui em casa como antigamente!

    Admiro muito você e mais uma lição a ser guardada comigo: "Desafio-me a ser mais... SEMPRE!"

    Beijo! =*

    PS: Li 10 vezes p/ não errar! kkkkkkk

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  3. Parabéns, mais uma vez, pelo texto. É incrível como sempre me identifico com o que leio aqui!!
    Bem, falando em recordações...huuum ...eu também tenho muitas recordações.
    Seu texto fez com que eu lembrasse da minha infância e adolescência. Fez com que eu sentisse uma ausência de saudades do tempo que passou.
    Ausência? Sim, ausência mesmo. Não sinto saudade da época da escola, nem da faculdade...nenhuma mesmo!
    Recordei e senti que as coisas que passaram na minha vida foram boas, mas não o bastante pra me fazer sentir saudades. Frieza minha? Acho que não. Acredito que foi incompetência do que passou por mim.
    Meu passado me serviu e ainda me serve, principalmente, para justificar parcialmente quem eu sou hoje. Lembro de tudo contido nele, diversas conquistas, muitos momentos felizes, mas intimamente incompletos.
    Enfim, o que trago de láááááaá do passaaaaaado são minhas vitórias, as experiências, uma grande amiga e principalmente minha família. O resto? O resto fez uma participação apenas necessária, nada especial.
    O momento especial da minha vida está no meu hoje, no que vivo e planejo pro futuro. O que passou não impregnou, infelizmente sequer deixou cheiro.
    Carlinha, PARABÉNS pelo texto. Quero mais hehehe.

    Bjão!
    Fabiano Pimentel Azevedo.

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  4. E o ‘impossível’ sempre acontece quando passo por aqui. A sua capacidade de me encantar, motivar, viajar, e até mesmo de arrepiar se renova a cada novo poste. Cada vez mais, por um motivo de diferente, pelas mesmas emoções, com novas palavras, novos (velhos) pensamentos, em textos diversos. É maravilhoso isso, sabe! Certo, por todo o misto de sentimento que você consegue despertar em mim, obrigada.
    Se não disser que recordei do meu passado e me vi nas suas palavras (“menina que sonhava em ser a maior jornalista do país”) estaria me censurando. Mas as escolhas mudam, ou melhor, nós as mudamos, não é. Mas também acredito que podemos ser tudo o que queremos, independe do que o mundo grite à gente.
    Reforço minha admiração agora não mais apenas como escritora, não ‘apenas’ com o tato com as palavras, mas sim como pessoa que coloca o coração naquilo que faz. ;)
    Beijão! ;*

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  5. Carla Louiseee... Acabo de confirmar (para mim mesmo) um de seus inúmeros talentos... a escrita! Pela pequena amostra que pude compartilhar nos nossos trabalhos em grupo da nossa PÓS (diga-se de passagem que eu me escorava sempre;), que vc era interminável nas suas respostas... Meu Deus... éramos o último grupo a sair da sala e agora percebo que o cheiro de sala vazia da PÓS-Graduação que eu por diversas vezes senti devo a você!!! Lindo texto... mais uma seguindo este DRINK, apenas para crescer lendo você!!!

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