sábado, 26 de junho de 2010

Dê-me as cartas! Aprendi a jogar...

Sou advogada! Lembro quantas milhares de vezes eu sonhei com essa expressão, desde adolescente. Quantas milhares de vezes, dizê-la, era ainda um sonho.

Tornei-me, já há um bom tempo e, de lá para cá, posso dizer que conheci uma face do ser humano que não queria conhecer. A utopia de, como advogada, ser de certa forma, justiceira, passou à visão real de como a vida é. Da limitação das nossas forças diante de tudo que acontece ao nosso redor. Por muitas vezes, olhei para a minha profissão e me decepcionei, porque havia criado expectativas demais sobre o que achei ser um mundo completamente diferente. Não era o trabalho em si o problema, nunca foi! É como as pessoas tratam as outras, é como nem sempre se faz justiça, ainda que se tenha todas as armas para fazê-la.

Quando resolvi ser advogada, o objetivo era ajudar ao próximo. Era tornar palpável aquele direito que foi desrespeitado, retirado, negado a alguém. Era usar o meu conhecimento, a minha capacidade, a minha profissão para melhorar ou mudar a vida de uma pessoa que depositaria em mim a confiança necessária para dar um novo rumo a sua vida. Minha ansiedade natural (que é infindável) sempre me condicionou a querer solucionar sempre os problemas dos outros, até antes dos meus!

Durante um tempo eu permiti que certas coisas da realidade me tirassem a beleza da fantasia inicial que faz com que uma pessoa decida se tornar advogada. Depois de mais um tempo, eu busquei, com unhas e dentes, recuperar essa fantasia. Recuperei! Aprendi que nada, nem ninguém é capaz de tirar da minha visão a beleza dessa profissão. Que a realidade que vejo nunca será mais forte nem maior do que o leque de opções que tenho para tornar eficaz, prático e material tudo o que a advocacia me permite fazer. Por todos que já ajudei, por cada ação vencida, por cada agradecimento, por cada vida modificada para melhor, eu sei, que eu não poderia ter escolhido outra profissão. Profissão essa que me permite usar as palavras, uma das minhas paixões, para fazer valer o direito e o interesse alheio. Profissão que me permite transitar, passear entre áreas distintas mas, igualmente, importantes. Profissão que me permite ser relevante tanto no tribunal quanto no mundo do entretenimento. Profissão que me permite fazer com que alguém acredite que pode ter de volta a paz que busca, o direito que almeja.

Então eu percebi que vinha conjugando os verbos errados. Não eram os verbos "decidir" ou "escolher" que eu deveria usar. Era o "ser". Eu não decidi pelo Direito, não decidi ser advogada. Eu SOU advogada, sempre fui. Mais do que um título, mais do que uma atividade profissional, é parte da minha personalidade. E, no fim das contas, se houve alguma escolha, alguma decisão, foi o Direito quem me escolheu. A advocacia decidiu por mim. E ainda que um dia, por qualquer razão, eu decida fazer outra coisa, ainda que eu seja aprovada em concurso público, ainda que eu exerça algum cargo em comissão, ainda que eu me torne atriz de cinema, qualquer coisa, ainda assim, advogada eu sempre serei, porque a personalidade, a essência sempre estará comigo.

Talvez não sejamos capazes de controlar o mundo como um todo, mas podemos tentar controlá-lo em nós...

[para ler e assistir "Erin Brockovich", que apesar de não ser advogada, soube fazer a diferença]

4 comentários:

  1. Texto muito bem escrito.. Uma advogada muito bem resolvida! Que você continue usando seu conhecimento p/ fazer justiça! Entro no seu blog na certeza que irei encontrar bom conteúdo!

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  2. Adorei o competente drink. Parabéns, vc é ótima!
    Muito feliz vc dizer que o Direito te escolheu, porq acredito que exitem características que estão intimamente agregadas a nossa personalidade. Veja só, eu me sinto advogado de mim mesmo. Verdade, me considero o advogado da minha vida, dos meus anseios, das minhas opiniões e, sobretudo, do direito de defender e preservar o meu próprio mundo.
    Acho que vou ficar viciado nos seus drinks hehe.
    PARABÉNS!
    Fabiano Azevedo!!

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  3. Adorei! (novidade, neh) :) Mas é fato que me admira os profissionais que se orgulham da sua profissão e tem ele como vocação e não obrigação. É contagiante! Parabéns.
    Beijo :*

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  4. ai aiiii..vai ganhar como blog da semanaaa!!
    Bjoooo
    Lauraaaa

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